Apesar da Safra 2021/2022 já ter iniciado oficialmente para o cultivo de alguns grãos, o início da primavera é marcado pela sua importância para a produção agrícola brasileira. A partir de agora, os dias mais longos e, consequentemente a maior luminosidade disponível para as plantas, favorecem o enchimento de grãos.
Para algumas culturas, como milho, feijão e principalmente o arroz, é hora de levar as máquinas para o campo para a semeadura, já para outras, como o trigo e a aveia, os esforços são direcionados em manter a qualidade do cultivo, por meio da irrigação e controle de pragas. Além disso, os agricultores já visam a produção de soja que se inicia logo mais.
As perspectivas para a safra 2021/2022 têm sido muito positivas para a economia brasileira. No RS, maior produtor nacional de arroz, quase 1 milhão de hectares receberão a orizicultura; para o cultivo de soja, espera-se aumento expressivo em relação à safra anterior, devido à seca ocorrida. A disponibilização de mais recursos pelo Plano Safra comparado aos anos anteriores também animam os produtores.
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Em meio a tamanha euforia do setor, há alguns pontos estratégicos que podemos destacar para manter uma safra produtiva e rentável:
1 – Agricultura de precisão (AP): É fato que a competitividade do setor nos últimos anos se deve muito ao avanço tecnológico no campo. A análise minuciosa de cada ponto da área cultivada possibilita que a produtividade por hectare seja de 30 a 50% maior quando comparado ao cultivo tradicional (sem análise de dados georreferenciados). A AP visa reduzir os problemas de não uniformidade das lavouras por meio da análise de dados, traçando mapas de irrigação, distribuição de fertilizantes e corretivos de solo e controle de pragas, levando à otimização de insumos e maior rentabilidade da produção. No entanto, no Brasil apenas um terço dos produtores têm a AP implantada em seus negócios. A falta de qualificação de mão-de-obra para coleta e processamento de informações, bem como a falta de conhecimento quanto as tecnologias empregadas, são as principais barreiras para essa revolução no manejo agrícola.
2 – Armazenamento da produção: Sem dúvida, esse ponto pode ser destacado como sendo o maior desafio do agronegócio brasileiro. Além do papel logístico, a qualidade da produção é influenciada pela armazenagem, uma vez que ela é responsável pela secagem e tratamento fitossanitário dos grãos. Para se ter uma ideia, na safra de 2014/2015, 20% da produção nacional foi perdida devido à falta de capacidade de armazenamento. Em comparação com os EUA, por exemplo, que armazena 50% de sua produção, no Brasil apenas pouco mais de 5% da produção é armazenada, deixando o produtor refém do valor de mercado e sem o poder de barganha de seu produto.
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3 – Disponibilidade de maquinário: Quando se fala em alta produtividade é impossível não direcionar o assunto para a durabilidade de máquinas e implementos agrícolas. Devido às adversidades do solo e até mesmo do clima, a taxa de deterioração dos equipamentos é alta, reduzindo a vida útil desses equipamentos. O desgaste acentuado dos equipamentos, seja pela abrasividade do solo e das próprias plantas ou pelas reações químicas com adubos e fertilizantes, exigem que a produção seja parada para a troca de elementos desgastados. Além de ocasionar perda de tempo durante a janela de plantio, os custos de manutenção são elevados e o rendimento da colheita e/ou semeadura é reduzido. Nesse sentido, tanto fabricantes de equipamentos como os próprios produtores têm voltado suas atenções para tecnologias em novos materiais e engenharia da superfície de forma a encontrar soluções para estender a vida de operação de seu maquinário e garantir a competitividade de seu produto.
O cenário agrícola brasileiro é bastante promissor, tanto para a safra 2021/2022 como para as próximas décadas, mas ao mesmo tempo se mostra desafiador devido às incertezas do mercado internacional. Portanto, para que o nosso produto seja competitivo é preciso investir nas ferramentas apropriadas para cada tipo de negócio, tanto em relação ao manejo do solo, como na redução de custos da produção. Ante os desafios identificados, vale destacar que o sucesso da colheita depende principalmente da boa gestão da propriedade.
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